segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Da educação - sua estrutura


Todo dia milhões de crianças e milhares de adultos são torturados em nome de algo muito importante e digno, porém que sabemos não surtir efeito algum. Os resultados disso vemos todo dia por ai em vários setores e de várias formas, desde o direto consumo de anti-depressivos até péssimos profissionais e pessoas privadas de um mínimo de cidadania. Pode parecer exagero, mas isto tudo está ligado a escola, seja de uma forma ou seja de outra.
O primeiro item a levarmos em consideração é o de que sim, uma educação é fundamental, seja pela formação de uma pessoa enquanto indivíduo, seja pelas necessidades do mercado de trabalho. O segundo item a ser levado em consideração, e este é muitas vezes esquecido, da forma que as escolas estão não tem mais jeito. Ainda seguimos um modelo criado nas entranhas da revolução francesa, e o resultado já sabemos: vê-se de tudo e não se aprende nada.
Devido a distância que mantemos da escola, acabamos esquecendo muitas vezes como ela é. Recordo de maneira rápida: torturante, angustiante, humilhante. Como durante a maior parte da minha vida fui aluno, acreditava que isto era algo restrito aos alunos, porém agora que sinto a experiência de professor lhes afirmo o óbvio que parece ser tão relevado: alunos e professores odeiam a escola. Entretanto alunos estão dispostos a aprender, não todos é verdade, mas muito deles estão. Porém fatores e mais fatores acabam desestimulando os alunos, e não é um professor mais “dinâmico” que vai resolver a situação. Até pelo fato de que entre a maior parcela dos professores podemos perceber uma vontade por lecionar, há um prazer nisso, mesmo sendo inegável a má formação de muitos professores. Eu me incluo entre estas pessoas que gostam de lecionar, mas sei que um dos meus maiores obstáculos toda vez que vou dar aulas é este formato torturante que não ensina nada a não ser criar um saco de paciência bem grande, a ficar quieto sentado, a controlar suas necessidades fisiológicas e a portar-se da forma habitual sob o menor sinal de autoridade – e isto vale para alunos e professores.
Para quem está faz algum tempo fora de uma sala de aula, lhes peço para recordarem como eram seus tempos de estudo, não da faculdade, da escola mesmo, ensinos fundamental e médio.
Cito um exemplo comum no campo empresarial; se temos um negócio que não está atingindo os lucros desejados as alternativas mais comuns são duas: ou fecha-se este empreendimento declarando sua falência, ou muda-se a forma com que tal negócio é empreendido. Ora, lhes pergunto, se a escola não funciona do jeito que está, porque insistimos nela? Abrir mão do ensino nós não queremos, por isso me questiono porque não acabamos com o formato de escola que ai está e criamos algo novo?
Sejamos sinceros, quarenta e cinco minutos não é tempo suficiente para se aprender algo, entretanto para quem não quer aprender, estes quarenta e cinco minutos são equivalentes a uma silenciosa tortura, e imagine noventa minutos. Sinto na pele uma diferença nítida, e lhes afirmo, são questões notáveis. Porque não temos uma divisão, que em vez de respeitar a lógica das idades (séries) respeite a lógica dos interesses (assuntos)? Quer aprender matemática financeira, vá assistir aulas de matemática financeira, quer aprender sobre a história da China antiga, vá ver aulas sobre a China antiga, se tem interesse em aprender latim que assista aulas de latim, e assim sucessivamente. Teremos alunos interessados, o que gera um empenho muito maior por parte dos alunos, tornando o ambiente de sala de aula mais confortável e produtivo para educandos e educadores. Isto óbvio, não poderia ser desde o princípio, uma base é importante, claro. Mas depois de certa idade, já temos uma noção do que gostamos ou não, do que queremos e do que não queremos. Tal necessidade de decisão por parte dos alunos já gera um desenvolvimento da maturidade, da responsabilidade.
Mesmo assim você pode fazer parte do clube que vê a escola com olhares conspirativos, “querem que o povo seja burro mesmo”, “isto serve apenas para formar mão de obra”, “é uma maneira de disciplinar o povo”. Afirmo que faço um olhar simpático (se é que não me incluo ai) para esta forma de olhar a escola. Instrumento de manipulação e continuam investindo nela, porque sim, ela vêm funcionando exatamente como “eles” querem. Concordo que este argumento é plausível, mas fica a questão: nós enquanto sociedade queremos o que? Atender índices para que o MEC não perca financiamentos do FMI e outras entidades internacionais ligadas ao capitalismo global que vivemos hoje em dia? Porque nenhum país, até mesmo Cuba que se propõem a outro formato de sociedade, tem um formato diferente de escola? Só para lembrar, escolas que adotam estes sistemas alternativos de ensino alcançam índices excelentes de aprendizado, vide experiências de autodidatas ou da escola da ponte.
De forma geral temos uma estrutural educacional estrangulada. Platão, Sócrates, Da Vinci, Copérnico, Tomás de Aquino e Bhaskara aprenderam, tiveram professores, e até podemos dizer que eles foram para escola, mas sem sombra de dúvidas ela não era neste formato que temos hoje.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sobre as manifestações de 2013 no Brasil


        Perdemos o foco, para além do genérico, pouco se sabe onde quer chegar. Tirar um presidente e colocar outro, a título de exemplo, pouco muda para melhor, e o mesmo vale para qualquer outro político, já que este mecanismo institucional pouco nos permite para além disso. Depender dele para a mudança não adianta, e o que as manifestações mais mostram é que tomamos - finalmente - consciência disso, nem que seja um pouquinho, sacamos ao menos que política é muito mais do que escolher um rosto bonito a cada dois anos. Falta querermos mudar nós mesmos.
       Falam em educação, corrupção, saúde e tantas outras coisas vitais, porém não olham para as questões mais próximas, não há foco. Não percebem por exemplo que defender a legalização da maconha seria uma forma fantástica de combater a corrupção gerada pelo tráfico e enfraqueceria ele como nunca. Além disso no Brasil a maconha acaba servindo de porta de entrada para outras drogas, pois sua proibição faz com que ela seja vendida no mesmo lugar que a cocaína, o crack, a merla e outras substâncias ALTAMENTE nocivas, seria legal acabar com isso. Fumar um baseado de vez em quando pode também sanar a "dependência" de muita gente em relação a anti-depressivos e outros tantos "estimulantes para a vida". De quebra podemos sanar problemas de segurança advindos do tráfico e talvez até mesmo de saúde. Mas pelo que vejo preferem cobrar moralidade, e pergunto, por que "MACONHEIRO" é xingamento? O mesmo vale para "viado" e por ai vai.
         A educação é o ponto que mais me incomoda, todo mundo fala que ela tem que melhorar - até o aluno "bagunceiro", que não presta atenção na aula, só faz piada - , mas a sugestão dada é sempre aumento da carga horária, mais aulas, mais matérias, mais tempo na escola, ou seja: MAIS BUROCRACIA. Burocracia não tem nada a ver com educação, burocracia foi inventada entre os governos de língua alemã de fins da idade média com vista em incrementar sua renda (restrita a uma coleta imprecisa de impostos e guerras). Platão, Sócrates, Da Vinci, Rafael, Tomás de Aquino, Galileu e tantos sujeitos que chamamos rotineiramente de "gênios" não foram para a Escola que temos hoje em dia, isso é tão certo quanto a gravidade. Sabemos que eles estudaram, não temos dúvida sobre isso, e poucas vezes percebemos que eles desenvolviam um conhecimento que claramente abrange várias áreas do conhecimento. 
        Sugerir uma escola não obrigatória, sem matérias obrigatórias onde o aluno escolhe o que estudar parece absurdo dentro da nossa sociedade de controle. O mesmo vale para a legalização da maconha. Sigo pedindo mais parques e áreas verdes dentro das cidades, uma estrutura que incentive o uso da bicicleta para sanar problemas de saúde, não mais hospitais, postos de saúde, médicos e burocracia - marcar consulta, receita para pegar remédio, ficha cadastral para não pagar pelo remédio, etc. 
       A sociedade que ai está é a mesma que motiva a irmos para a rua, pois ela nos gerou este descontentamento, e justamente por isso me estranha que se pede um melhoramento dela, ou seja, tornar esta opressão do capital mais eficiente, não transformar, mudar e deixar de transferir nossa responsabilidade para outras pessoas, pois isso leva ao totalitarismo, e foi isso que foi feito durante a maior parte do tempo nas últimas eleições - por exemplo - ou quando falamos, "isto não é minha função", "entendo seu problema, mas não posso lhe ajudar".
         Por fim, esta mudança não vêm do canto do hino nacional, nem da bandeira criada pelo governo militar ditatorial que implementou a república lá em 1889. Isto é a sociedade que gera nosso descontentamento, não reforcem ela. Mudem-se!