Fazem quase dois anos que utilizo Ubuntu-Linux em meu PC. Quando
comecei a cogitar de forma séria migrar para o Linux várias pessoas
diziam que eu iria me arrepender. Mesmo assim, outras pessoas não me
diziam isso e que a melhor forma de saber algo era tentando e
experimentando (se arriscando). Acabei escolhendo a aventura e testei
o Ubuntu e o Linux Mint, me decidi pelo primeiro – do qual sigo
usando. Minha conclusão hoje, quase dois anos depois é a de que eu
não me arrependo em nada, pelo contrário, defendo o uso do Linux e
pretendo nunca mais usar Windows num computador meu.
Fazia muito tempo que ouvia falar sobre o tal do Linux, vez por outra
aquele pinguinzinho aparecia em algum lugar para provocar. Algumas
lendas acompanhavam os boatos sobre o Linux: “não trava”, “não
pega vírus”, é mais rápido”, “linha de comando”. Porém o
que me seduziu de vez para o mundo do software livre foi quando
comprei um computador e ele veio com Windows 7 Starter junto. Ora, a
primeira coisa que você quer fazer quando tem um PC (Personal
Computer) é personalizá-lo não
é mesmo? Porém a versão mais leve e barata do Win7 não permite ao
usuário modificar coisas básicas como sua aparência. Existem
programas e gambiarras para quebrar este bloqueio todo, verdade, mas
minha experiência diz que esses programas e gambiarras que prometem
maravilhas só estragam e travam mais ainda seu computador.
O que ocorreu é que eu utilizava o
software mais comum entre os computadores1,
havia pago por isso (é preciso uma licença), não fui consultado a
respeito do software que haveria no meu PC na hora de realizar a
compra (pô, não é pessoal?), isso sem falar em toda uma série de
restrições a um produto que é meu (desde o hardware até o
software). Pode parecer exagero, mas isto só deixou claro para mim
como as relações de exploração capitalista funcionam. Mesmo que a
Canonical (empresa desenvolvedora do Ubuntu) seja também
capitalista, e não há dúvidas sobre isso, ela me permite uma
liberdade muito maior em relação ao meu computador pessoal.
Ocorreu que poucos meses depois do
teste inicial, aboli de vez o uso do Windows e qualquer programa da
Microsoft em meu computador e minha vida segue feliz da vida com o
Ubuntu-Linux. Admito que é ótimo não se preocupar com vírus e
desfragmentação de disco, além disso existem programas
equivalentes, livres e gratuitos para tudo que eu preciso no meu
computador (navegar na internet, ouvir música, assistir vídeos,
editar textos), alguns até melhores do que os pagos da Microsoft, a
exemplo do VLC e comparação com o Windows Media Player. Os bugs
não são recorrentes2
e há quase dois anos não dependo de assistência técnica. Quando
necessário eu mesmo formato ou corrijo qualquer problema no meu PC,
já que a maioria deles são simples e a comunidade Ubuntu bem
atuante.
Linux é bem mais “faça você
mesmo”, o único empecilho para as pessoas (acomodadas), já que
nada mais do que a vontade de aprender resolva.
Mesmo que uma série de possibilidades colocadas aqui (desde não
pagar pelo Software até você realizar a manutenção do seu
computador) sejam também possíveis no Windows, vejo no Linux uma
abertura bem maior e sincera para isso, até porque a ideia do Linux
é justamente esta. Por exemplo, há uma tendência comum da
Microsoft em vender primeiro uma “versão de teste” e depois
lançar a “versão definitiva”. Por exemplo, quando lançaram o primeiro Windows, ele era apenas um programa para o DOS, fizeram
assim para não ficar pra trás na concorrência, ou seja, seus
lucros ficaram acima da qualidade do produto vendido. Depois tivemos
o Win98, que até pouco tempo atrás era a base do Windows, tendo
várias versões “de teste” até chegarem no XP (alguém lembra
do WinMillenium?). O WinXP era baita bala, um Win98 moderninho,
adaptado para os anos 2000, mas não demorou muito lançam o Vista,
que nada mais foi do que uma bomba de testes para o Win7 – que traz
algumas mudanças conceituais importantes, que já vinham sendo
utilizadas no Mac e Linux haviam alguns anos. Agora com o Win8, temos
a chegada de uma nova interface para o usuário e novamente um
produto experimental. O curioso é que a Microsoft garante muito de
seu mercado pelo seu fator conservador, são sempre os últimos a se
adaptarem as mudanças e creio que isto faça com que produzam
softwares tão “confortáveis” de utilizar.
O que quero colocar afinal, é que
existe um lado político (mesmo que não seja o mais importante) no
uso de seu PC. Ele ocorre pelo que você faz com ele, seja baixar
músicas ignorando as atuais leis de direitos autorais3,
escrevendo textos para um blogue que ninguém lê, ou utilizando
softwares livres. A política está muito além dos partidos –
creio que os partidos são a menor parte da política – está muito
mais nas tuas ações do que no teu posicionamento4.
É a velha história do cara que vai na passeata contra a corrupção
e depois compra produtos falsificados, ou defender o liberalismo e
estudar numa universidade pública. Quando se faz algo, você
desenvolve relações, as relações é que geram o jogo político,
independente da esfera. E este motivo acaba sendo o principal que me
leva a utilizar softwares livres ao máximo possível.
1Parece
que 90% dos computadores utilizam alguma plataforma Windows, por
isso a maior parcela dos vírus são para Windows, o que favorece
para os boatos de que Linux e Mac não tem vírus.
2Apesar
de que nos últimos anos a Microsoft conseguiu corrigir uma série
de erros históricos do Windows.
3É
importante colocar que boa parte das discussões a respeito do
download de músicas na internet se baseiam numa reescrita das leis
de direito autoral atuais, não um simples desprezo pelo direito
autoral.
4Mesmo
que teu posicionamento determine em muito as tuas ações.
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