quinta-feira, 29 de abril de 2010

Nada é mais profundo que a pele.

Este é o começo de uma história sobre um futuro incerto quanto ao tempo e lugar. Posso afirmar que o tempo não é esse e ainda não aconteceu, e o lugar é a cidade, onde a maior parte da população mundial vive. Pode não dizer nada, como pode dizer muitas coisas, mas a idéia principal é que seja uma história interessante, que queira ser lida.
Isso seria antes de mais nada um rascunho, com tempo, posto outras partes. Ou talvez não poste mais nada dessa história.
Ps: "nada é mais profundo que a pele", é uma citação de deleuze, que encontrei no livro "ilha deserta".


I

Vestido normalmente com um jaleco branco por cima, finalmente saíra da fábrica. Havia escolhido a profissão em laboratório somente pois a carga horária diária era menor, 6 horas corridas. Fazia um calor dos diabos. Atravessa a rua, saia pouco depois das 13 horas, há uma calma monumental nessa hora, é impressionante. Do outro lado da rua fazia sombra, foi a passos rápidos para não perder o ônibus. Chegou ao ponto e ficou parado. Acima da rua viu o ônibus parado na sinaleira, esperando ela abrir. Olhou para o outro lado do muro, branco, e nele escrito em vermelho “Deus está morto”. Seu corpo tremeu, seu estômago ficou gelado e pareceu se fechar. Ficou frio.

O ônibus parou do seu lado, então entrou e passou o cartão. Maldito cartão, você comprava em dinheiro, e quando o valor do passe aumentava, você perdia dinheiro. Por isso sempre tinha pouco. Ao atravessar a catraca voltou a suar e sentir o calor infernal. Olha para o cobrador e pergunta “e o ar-condicionado, não ia ter ar-condicionado?”, ficava mais irritado com o calor. “era promessa de campanha, não tenho nada a ver com isso, reclama para o prefeito”, respondeu o cobrador fazendo careta. Foi para o fundo, não queria encontrar ninguém hoje, como de costume. Enquanto ia para o fundo daquele ônibus com 4 eixos articulados, viu o cobrador e o motorista resmungarem algo, falando mal de alguém, dele ou do prefeito que prometeu ar-condicionado e agora seu segundo mandato estava no fim, e nada de ar-condicionado nos ônibus.

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Chegou em casa, comeu a comida plastificada que sempre comia. Jogou as coisas na pia e ali deixou. Foi para o quarto olhou pela janela e foi ver TV. Trocava os canais e nada passava. Sempre lixo, o mais puro lixo. Demorou um pouco mais no canal em que aparecia uma mulher chorando. Deixou lá até o canal dar uma mininete e um emprego. Como se a vida dela estivesse resolvida agora. Depois desligou e tentou ler o jornal e revista que assinava. Novamente lixo. Havia cortado a TV paga, estava pensando em cancelar a revista e o jornal. Sua última namorada que gostava dessas coisas.

Tomou banho. Fez a janta, comeu, escovou os dentes, apagou tudo, deixou um breu. Mesmo assim entrava luz da rua. Olhou para a parede do prédio do outro lado da janela “merda de vista, quero ir embora”, e lembrou mais uma vez da frase que leu no muro, Deus está morto. Gelou o corpo. Perdeu um pouco do sono. Mas logo o cansaço o venceu e dormiu.

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Noutro dia saiu do trabalho. Olhou para a sinaleira, e não viu o ônibus. Olhou para o muro e viu que alguém havia passado tinta por cima da pixação e sobrava apenas a palavra “Deus”. Dava para ver que passaram cal por cima do resto, era nítido. Como era sexta-feira, e o calor ainda estava infernal, e em sua casa não queria o ar-condicionado ligado, pois o seu era velho e gastava muita energia, foi comer fora.

Foi até um dos setes shoppings center’s da cidade. Havia quatro lugares que vendiam hambúrguer e dois de comida mexicana. Ficou em dúvida entre os dois, até aparecer seu colega de laboratório.

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