Estamos esquecendo do mais importante, as mulheres (e os homens) não
são “seduzidos” pelos discursos da esquerda devido a sua malícia
ou o mero conforto, essa aceitação do discurso de esquerda ocorre
porque estes discursos fazem sentido. Quando é dito “que é
necessário libertar seu corpo do julgo patriarcal”, a reverberação
disso entre as mulheres ocorre não pelo fato de que supostamente é
chique ser feminista, mas porque faz sentido ser feminista. Afinal,
as mulheres (e os homens) são ainda hoje vítimas do machismo, e
aceitam esse discurso “de esquerda” por fazer sentido a sua
existência. Não houvesse essa pressão sobre o corpo feminino,
propagandas como as do iogurte-gostoso-que-te-ajuda-a-ir-no-banheiro,
não seriam direcionadas a um público tão específico de mulheres,
donas de casa e mães. Se não houvesse machismo este produto talvez
nem fosse necessário, pois mulheres se libertariam da pressão de
serem bonitas, lindas e perfeitas vinte e quatro horas. Pode parecer
exagero, mas não havendo esta pressão sobre o corpo cobrando toda
essa beleza, o estomago, nosso velho coração segundo os gregos
antigos, funcionaria melhor, mais livre, e quiçá um produto assim
fosse dispensável, ou não teria um foco tão grande em mulheres,
donas de casa e mães.
Não há sedução ou malícia alguma no discurso de esquerda, há
sim algo próximo ao bom senso e a razão. E se as pessoas aceitam
estes discursos (plural, pois são vários), é porque eles tem um
sentido na vida dessas pessoas. Negar isso seria ignorar a autonomia
e liberdade que nós seres humanos temos. E da mesma forma que o
brasileiro adotou uma série de americanizações também pelo fato
da cultura estadunidense ser rica e interessante, o discurso de
esquerda passa pelo mesmo – a diferença é que a esquerda não é
gerida por um escritório central, muito menos é financiada por
ricos lobistas como ocorreu no processo de americanização do
Brasil, que fique claro! O ponto chave é, o discurso de esquerda é
confortável, mas não por te ajudar a “pegar mulher”, por ser
mais fácil ou de maior aceitação social, mas sim por te ajudar a
viver de uma forma mais livre e sensata, até porque deixar de ver a
mulher como um objeto que pode ser pego e usado, pode proporcionar ao
homem toda uma nova gama de experiências ótimas com ela(s), e que
podem ser muito produtivas e prazerosas para ambos. Até porque um
dos maiores problemas para a família hoje em dia é todo o peso de
uma normatividade que não faz mais sentido.
Diferente do que parece ocorrer entre certos adeptos do discurso de
direita, que mesmo sozinhos e indesejados pelo sexo oposto, não
abrem mão de sua individualidade e verdade, os discursos de esquerda
fazem algum sucesso entre mulheres e homens porque dizem para essas
pessoas que elas não estão erradas. Não estão erradas por serem
indígenas, afrodescendentes, mulheres, uma pessoa que não quer ser
milionária, homossexual ou pobre, e isto é muito bom, saber que
você não é errado, não é uma peça estragada
dentro da rígida máquina que é a sociedade. No fim das contas,
enxergar a sociedade como algo mais desenvolvido e humano do que uma
máquina, onde cada pessoa tem seu lugar estático, onde o negro deve
continuar segregado, o índio ignorado, a mulher oprimida, o gay como
motivo de piada e violência, o pobre ao Deus dará e todos devem
almejar ser um Eike Batista ou Warren Buffet senão estão errados,
isso é algo muito bom e libertador sim, mas não por ser fácil, mas
por fazer sentido a nossa vida.
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